Pessoas com problemas respiratórios, na maioria dos casos, acabam deixando de praticar exercícios físicos devido ao cansaço e indisposições, passando a ter uma vida sedentária, o que pode agravar as doenças. Algumas acreditam que por terem alguma doença respiratória devem evitar a prática de esportes, uma vez que o esforço físico seria perigoso para a sua condição de saúde. Isso é verdade ou mito?
Segundo especialistas, a prática de algumas atividades físicas podem trazer vários benefícios à saúde dos portadores de doenças respiratórias, já que ajudam no fortalecimento de músculos utilizados no movimento da respiração e auxiliam o organismo a distribuir melhor a quantidade de oxigênio necessária para o seu bom funcionamento.
“Pacientes que apresentam doenças respiratórias podem realizar quaisquer atividades físicas, desde que estas sejam adequadas ao seu condicionamento cardiorrespiratório. As rinites, sinusites e até doenças respiratório-pulmonares não impedem o paciente de se exercitar, desde que tomados alguns cuidados como consultar o médico especialista periodicamente para o controle da doença e indicação caso a caso da melhor atividade a ser realizada”, esclarece Dr. Lucca Policeno Paulin, otorrinolaringologista do Hospital das Nações.
De acordo com o médico, as atividades relacionadas à água são as mais recomendadas para quem possui algum problema respiratório. “Para pacientes portadores de condições que afetem as vias aéreas, tanto altas como baixas (nariz, seios paranasais, brônquios e pulmão), são muito indicadas a natação e a hidroginástica, pois contribuem na melhora da função respiratória e condicionamento físico; além do contato das mucosas com a água e meio de alta umidade que favorecem um melhor funcionamento respiratório”, explica.
É importante lembrar que nos dias mais frios, os cuidados para a prática de atividades física pelos portadores de doenças respiratórias devem ser redobrados. O aquecimento antes de iniciar o exercício é fundamental. Um Estudo da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica recomenda o aquecimento com “sprints múltiplos” de duração de 15 a 30 segundos alternados com 60 a 90 minutos de intervalo, aproximadamente 30 minutos antes da atividade física mais intensa. Um aquecimento contínuo com intensidade abaixo da máxima por 15 minutos também pode ser realizado. “Além disso, recomenda-se sempre utilizar a respiração nasal, bem como máscaras em ambientes muito frios. Também atentar, nas atividades ao ar livre, aos níveis de poluição, umidade do ar e polinização, principalmente na primavera”, orienta Dr. Lucca Paulin.
“Especialmente para os pacientes portadores de rinite alérgica ou rinite vasomotora deve-se consultar o otorrinolaringologista caso a função nasal esteja comprometida, já que ela não afeta somente o desempenho esportivo, mas também a qualidade de vida”, ressalta.
Além disso, o otorrinolaringologista reforça que a prática de exercícios físicos é recomendada para os pacientes com doenças respiratórias, como asma e rinite. “Há evidência na literatura científica de que a atividade física melhora a qualidade de vida, a condição cardiorrespiratória além de reduzir a inflamação das vias aéreas e mesmo a gravidade dos broncoespasmos em pacientes com asma. Porém, especialmente nos paciente asmáticos a atividade física deve ser orientada por um profissional médico e também por um educador físico”, orienta. “Não há atividade física que seja completamente contraindicada para um grupo de pacientes. As contraindicações são relativas e devem ser avaliadas pelo médico assistente caso a caso”, afirma.
Segundo ele, existem casos de asma induzida por exercício, que são mais frequentes na faixa etária pediátrica, mas podem ocorrer em qualquer idade. “Esses pacientes devem evitar o esforço físico intenso nos períodos de crise. E, mesmo nesses pacientes, a atividade física não é contraindicada, devendo ser realizada de forma mais branda enquanto não se atinge a melhora clínica”, afirma.