Atividade física pode potencializar a imunização contra a Covid-19

Durante a pandemia da Covid-19, que se alastra por mais de um ano e meio, diversos estudos revelam possíveis imunizantes e seus efeitos no organismo. O mais recente deles, publicado na edição de abril da revista científica Sports Medicine, revela que a prática de atividade física, de alta e média intensidade, é um fator importante para potencializar a eficácia da imunização promovida pelas vacinas. De acordo a pesquisa, uma pessoa que se exercita com frequência possui 50% mais chances de produzir mais anticorpos após a imunização do que um sedentário.

Os pesquisadores conseguiram provar que manter as vacinas em dia e praticar atividade física na rotina são atitudes que treinam nossas células de defesa para debelar ataques de vírus e bactérias e, no caso da Covid-19, isso não é diferente. Segundo os especialistas, as vacinas carregam um pedaço do agente infeccioso ou ele inteiro e inativo (vírus ou bactéria) – incapaz de gerar doença– para fazer o corpo fabricar os anticorpos antecipadamente e, assim, proteger contra o surgimento da enfermidade quando o patógeno ativo tenta infectar.

A importância desse estudo em tempos de pandemia de Covi-19 se revela diante, especialmente, da escassez de vacinas. Nesse cenário, o cuidado com a saúde a partir da prática de exercícios físicos passa a ser fundamental na luta contra a doença, pois se mantivermos o corpo em movimento, tornarmos isso um hábito será possível extrair o melhor das vacinas disponíveis, segundo especialistas.

Os pesquisadores também observaram no estudo a detecção de taxas maiores de anticorpos nas pessoas fisicamente mais ativas. Segundo os dados, elas também foram capazes de produzir mais linfócitos do tipo T, que produzem outras substâncias de defesa e têm um papel relevante na proteção contra o Sars-Cov-2, de acordo com outras pesquisas recentes.

Um artigo do periódico científico British Journal of Sports Medicine, escrito cientistas de instituições dos Estados Unidos, também publicado em abril, mostrou que pacientes mais sedentários, inativos fisicamente nos dois anos anteriores à pandemia, têm um risco maior de serem internados, irem para a UTI ou morrerem da doença. De acordo com a pesquisa, o risco de ser sedentário só é superado pelo de ter idade mais avançada ou histórico de transplante de órgão. No texto os pesquisadores afirmam também que as pessoas que realizam pelo menos 150 minutos por semana de caminhada vigorosa tiveram um grande benefício. Os que fazem qualquer atividade física tiveram risco menor de complicações com a Covid-19 do que os sedentários.

De acordo com especialistas, o que as pesquisas realizadas até aqui revelam é que a atividade física melhora a resposta imune por seus vários mecanismos, reduzindo o estresse oxidativo e a inflamação sistêmica, que sobrecarrega o sistema imunológico. Além disso, quem faz exercício tem uma reserva maior de músculos para perder, ficando mais forte no combate à doença.


Recuperação

Os exercícios físicos também passaram a ser aliados na recuperação dos pacientes que já enfrentaram a doença e ficaram com alguma sequela. Segundo os médicos, mesmo após casos mais leves o paciente pode ter algum dano pulmonar ou cardíaco, sentir fadiga e dor e experimentar distúrbios cognitivos, do humor e do sono. No Brasil, um estudo realizado no ano passado pelo Hospital Sírio-Libanês no ano passado mostrou que a perda muscular nos casos mais graves de Covid-19 pode chegar a 2% por dia no período crítico da infecção –quando são necessárias intubação e imobilização para a respiração mecânica.


Atividade física no combate a pandemia

De acordo com especialistas, e como revelado nos estudos e pesquisas publicados, a atividade física é uma ferramenta preciosa no cenário de pandemia. Por isso é imprescindível pensar na mobilização da população no tocante à prática regular de atividade física para torná-la menos vulnerável a doenças infecciosas. Segundo médicos e pesquisadores, essa mudança de comportamento é urgente para combater a pandemia atual e deve ser um investimento de longo prazo para a prevenção dos impactos econômicos e sociais causados pela Covid-19.