Pouco conhecida, a doença Lúpus Eritematoso Sistêmico – também chamada de LES – pode acometer pessoas de qualquer idade, raça e sexo, no entanto, atinge mais as mulheres entre 20 e 45 anos, numa proporção de 3 por 1, podendo acontecer em homens e até em crianças. No Brasil, não dispomos de números exatos, mas as estimativas indicam que existam cerca de 65.000 pessoas com lúpus, sendo a maioria mulheres.
O diagnóstico da LES ė feito através de uma consulta clínica. Segundo especialistas, são avaliados os sintomas e sinais que a pessoa relata, seguido pela solicitação de exames laboratoriais e de imagem, quando necessários. “Por ser uma doença sistêmica, ou seja, que afeta muitos órgãos, quando a pessoa tem LES pode ter diferentes sintomas em diferentes locais do corpo”, explica Dra. Maria Cristina Wallbach, reumatologista do Hospital das Nações.
Alguns sintomas do LES são gerais e podem fazer parte do diagnóstico de muitas outras doenças, tais como febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo. “É uma doença autoimune causada por um desequilíbrio do sistema imunológico, aquele que normalmente faz a defesa do organismo”, esclarece a médica.
No Lúpus, o mecanismo de defesa se volta contra os tecidos do próprio organismo, como a pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro, formando autoanticorpos, causando sintomas específicos de cada órgão atingido, como dor nas articulações, manchas na pele, inflamação na pleura, hipertensão, ou problemas nos rins. “Existem algumas alterações em exames de sangue e urina, além da presença de alguns autoanticorpos que são bastante sugestivos, mas não existe um único sintoma ou exame de sangue que defina o diagnóstico do LES, devendo o mesmo ser feito por um médico, de preferência um reumatologista”, orienta.
Em relação à prevenção, é importante saber que não existem vacinas ou formas medicamentosas de prevenção, pois o Lúpus é uma doença autoimune, e em sua etiologia participam fatores genéticos, ambientais, hormonais e imunológicos. Segundo Dra. Maria Cristina, a radiação solar é a substância que mais agride as pessoas geneticamente predispostas, especialmente os raios UV, sendo muito comum a primeira crise ou remissões da doença, após exposição prolongada ao sol. Por conta disso, o uso de protetor solar deve ser uma prática comum para qualquer pessoa; Outro fator de risco para a doença é o tabagismo, que deve ser evitado. Também deve-se evitar a exposição a viroses, e seguir uma escala correta de vacinas, e ainda, ter uma prática saudável na prevenção de qualquer doença.
“O mais importante no Lúpus é o diagnóstico precoce, que pode ser suspeitado pelo clínico geral, mas deve ser confirmado por medico especialista”, afirma a médica. “As pessoas que fazem tratamento correto podem levar uma vida normal, porem as que não se tratam, acabam tendo complicações serias que podem coloca-las em risco de vida”, completa.
Vale ressaltar que o tratamento do LES depende do estágio em que a doença é diagnosticada e dos órgãos comprometidos e deve ser feito por uma equipe multiprofissional geralmente composta por reumatologista, nefrologista e dermatologista. “O tratamento medicamentoso vai depender do estágio em que se encontra a doença, e sempre será discutido entre o paciente e o médico que acompanha. São usados anti-inflamatórios, corticoides, imunossupressores e mais recentemente os imunobiológicos. Qualquer dos medicamentos utilizados precisam ter controle médico e laboratorial”, esclarece Dra. Maria Cristina.
Sobre a cura, os especialistas explicam que a doença é tratada na forma de controle e remissão. “A evolução depende do paciente e do tratamento instituído. Pode evoluir com períodos de remissão e de exacerbação da atividade inflamatória. O mais importante é o diagnóstico correto, o mais cedo possível”, alerta.